ANTIGAMENTE

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“E acho que só para ouvir passar o vento
vale a pena ter nascido”.
(Alberto Caeiro)


Antigamente as pessoas viviam; hoje, na maior parte, são vividas.
Ainda pude viver um pouco o “antigamente”, e acredito conservar algo daquilo em mim...

Mesmo que a vida fosse difícil, lá na sua aldeia, na sua comunidade, distante do resto do mundo... Lá aqueles habitantes viviam todos os sentidos de que é contemplado o ser humano – viver é experimentar os sentidos. Parece que muitos não sabem o sentido disto.

Aqui, onde a tecnologia nos trouxe, onde o capitalismo dita as regras de convivência, a vida parece muito mais fácil, porém o ruim é que isto não passa de mera aparência.

Assim, somos objetos dos objetos, vividos por eles... Os quais feitos para facilitar a vida, que, por conseguinte, terminam por viver a gente, tirando-nos o que é simples, como por exemplo: “ouvir passar o vento”.


Por, Agnaldo Tavares



SÁBIO OU INTELIGENTE?

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Não se pode subestimar o saber de alguém, pois ele não nasce lá de fora do terreno do ser; nasce dentro, da fonte inesgotável.

É de costume entre as pessoas associar inteligência e sabedoria, atribuindo-as o mesmo significado. Mas há uma distância inimaginável.

A inteligência é fruto do intelecto, do inteligir as coisas usando de uma filosofia sem alma, vaga, superficial, limitada. Muitas vezes o terreno da ignorância, da frieza, do orgulho, de todas as espécies de ego leva o homem a pensar-se superior ao outro, inatingível, sem limitação.

A sabedoria nasce do contato com o mundo, mas não provem do mundo. Nasce de dentro do ser, da misteriosa fonte ilimitada, mas que poucos a conhece porque não se permite escavar-se, conhecer a inesgotável fonte dentro de si mesmo.

Quem se permite a cada dia retirar-se o bruto mineral da arrogância, do orgulho e do egoísmo certamente encontrará a fonte da sabedoria, e daí é só girar a roldana e beber o interminável mistério do saber.



Por, Agnaldo Tavares


O JOVEM DE ASSIS

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Àquele jovem de Assis (Itália), no ato em que se desfaz de suas vestimentas em praça pública, deixa muito claro que nós não somos a roupa que vestimos, nem tanto a comida que comemos ou o idioma que falamos; a profissão que exercemos e as influências que temos a nosso favor.

A sociedade nos impõe diariamente maneiras de sermos contrárias àquilo que somos de verdade, o que muitas vezes é até absurda. E não podemos deixar isto acontecer sem sequer um mínimo esforço de resistência.

Não somos estas coisas tangíveis, apresentadas como identidade própria de nossa pessoa; não somos a materialidade aparente. Somos gente! Com um significado bonito de ser humano.



Por, Agnaldo Tavares



A NATUREZA INCONSCIENTE NOS ENSINA

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Há muitas coisas belas as quais admiramos com certo encantamento... E muitas vezes, ou quase não questionamos os processos para chegar a tal beleza...

O mistério da dor numa simples concha no mar da qual é surgida uma das joias mais lindas de que conhecemos...

A lagarta e seu processo doloroso para transformar-se em linda borboleta...

Por que não dizer da flor?
Para que se abra em pétalas não há também um processo doloroso?

Podemos trazer estes exemplos, que a natureza inconsciente nos traz, como metáforas aos amores que são belos...

É tudo um processo...


Por mais estranho que nos pareça, por mais paradoxalmente que seja, é assim o amor, é através do processo da dor que ele se realiza em sua verdade.



Por, Agnaldo Tavares



"SER OU NÃO SER"

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"Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma." (Shakespeare)


Um dia o homem aprende a sutil diferença entre o sim e... então, se vê obrigado por sua consciência – sem obrigação, mas necessidade – de pôr em ruína todos os castelos de conceitos adquirido ao longo dos anos... Desfragmentar, qual Descartes o fez de tudo que aprendera por verdade.

Três décadas já é o bastante para filosofar com maturidade de “grande”, como atesta o discípulo do gênio sem lápis.

Três décadas abertos o recipiente do intelecto, preenchido por diversidades de pensamentos. Tudo agora tem mais gosto de inquietude, é mais questionável... É preciso fazer o caminho mais longo pra chegar ao não senso comum, mas mais próximo a verdade, mesmo que ela seja relativa como qualquer coisa.

Três décadas de dores e gozos vividas do "mundo vasto mundo" que não se chama Raimundo, mas que é universidade verdadeiramente para todos.

Três décadas de contrários consumidos sobre a trempe aquecida pela ignorância e arrogância, o orgulho e o egoísmo dos homens de desejos de querer ser rei ou deus de uma terra “santificada” pelo sangue irmão.

Três décadas, inquietante com a diversidade de saberes, sabores nunca tido o mesmo em todos os paladares... Mas que por uma via quase sempre escura levava ao que acredita comum a todos.

Três décadas de paixões, desequilíbrios, emoções “à flor da pele”, conceitos pré-estabelecidos, plebiscitos julgados por si só. 

Três décadas, chegado ao porto com a missão única de, ser ou não ser.




Por, Agnaldo Tavares